Falar em ter educação financeira é falar sobre assumir uma relação saudável com o dinheiro, de modo a desenvolver um controle sobre as finanças.
Ao contrário do que muitos podem pensar sobre acumular uma alta quantia ou aprender a fechar as contas, esse tipo de educação é muito mais sobre usar o dinheiro com consciência a partir da sua realidade financeira.
Contudo, grande parte dos brasileiros ainda luta contra o endividamento. Fato evidenciado em dados como os divulgados pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) este ano, apontando que 79% do total de famílias no país está inadimplente.
Um bom nível de educação financeira e controle do orçamento dentro de casa, tendem a influenciar positivamente as crianças. Dessa forma, filhos levam o exemplo que recebem dentro de casa para a vida adulta. Por outro lado, famílias que tratam o dinheiro como problema e brigam por conta das finanças podem contaminar a visão das crianças.
Dores de cabeça financeiras
Segundo a pesquisa recente do SPC Brasil em parceria com a Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CDNL), 48% dos casais brasileiros brigam por causa das finanças. Na mesma linha, um estudo da empresa Slater & Gordon no Reino Unido com mais de 2 mil adultos descobriu que as preocupações com o dinheiro são o principal motivo de divórcio no país.
Nesse cenário, quando a família não fala sobre dinheiro com os pequenos, os afasta do tema, e os faz crescer alheios a essa questão. Porém, muitos são os ambientes e pontos de contato possíveis com a realidade financeira da família. À medida que vão crescendo, passam a ter seus desejos de consumo e a pedir por coisas.
Esses pedidos se intensificam e se modificam com a idade, e sem ter ideia dos fatores que compõem e impactam o orçamento pessoal dos pais, justamente por não terem sido orientadas sobre nada disso.
A importância da educação financeira na infância
A educação financeira, quando estimulada ainda na infância, tem o poder de promover a reflexão e discernimento de diversos conceitos como dinheiro, renda, trabalho, contas a pagar, economia, dívida etc. Além da importância de poupar e investir para o futuro pra garantir que nos anos que virão se tenha a qualidade de vida desejada.
Ou seja, nutrir esse tema nas novas gerações pode ser determinante para o futuro. Para além da compreensão sobre o que é necessário, supérfluo e desperdício, a educação financeira ajuda a entender o valor do dinheiro, e até um consumo mais consciente.
Qual o momento ideal para começar a ensinar educação financeira para meu filho?
Para especialistas, a melhor hora para começar a aprender sobre finanças é, de fato, a primeira infância. É nessa importante fase da vida que começamos a pedir para nossos pais ou responsáveis nos comprarem coisas. Dessa forma, logo que a criança passar a pedir coisas é interessante começar a mostrar o valor do dinheiro e o processo para ganhá-lo.
Sabemos que a criança não vai entender tudo que ouvir sobre o tema de uma vez, já que é complicado até mesmo para muitos adultos. Contudo, há alternativas mais didáticas para introduzir conversas sobre dinheiro no cotidiano, como livros, brincadeiras lúdicas e dar exemplos simples como não gastar todo o dinheiro da mesada (ou semanada) todo de uma vez.
Aqui começa um dos maiores desafios que é o “como?”
Como introduzir a educação financeira na infância de forma divertida e didática?
Ao contrário do que muitas pessoas pensam, lidar bem com as finanças não é uma habilidade nata para nós. Os hábitos financeiros são estimulados, aprendidos, absorvidos e reproduzidos a partir da infância. Por isso, reunimos aqui algumas dicas simples para ensinar seu filho sobre educação financeira. Confira:
Jogos educativos
As brincadeiras e jogos, de maneira geral, constituem incentivos importantes no desenvolvimento de novas habilidades. Por meio de situações imaginárias e hipotéticas, seguindo determinadas regras, é possível fazer a criança fixar informações sobre diversos temas.
Pode ser uma boa alternativa começar com clássicos como Banco Imobiliário, Monopoly e Jogo da Vida. Estes simulam situações reais sobre lidar com seus ganhos e gastos, incluindo conceitos como aluguel, empréstimo, propriedade, salário, etc. Ao considerar esse contexto cheio de imprevistos da vida real, os jogadores podem aprender, de forma lúdica, a lidar com cada situação.
Mesada
Outro recurso muito popular para introduzir educação financeira na vida dos pequenos é a “mesada” ou a “semanada”. Ambos são até indicados por especialistas, mas a semanada tem vantagem como método, por quebrar um pouco da possível ansiedade pelo “dia do pagamento”.
Thabata Abreu, fundadora e Consultora Financeira na FCP Consultoria e Investimentos, afirma que a partir dos 5 anos as crianças já podem começar a receber semanadas. E assim, aprender sobre a origem do dinheiro, a negociar e guardar uma parte do que recebem.
É necessário adotar uma postura firme para destacar de onde vêm aqueles pagamentos, mas sem relacionar o pagamento da mesada com as obrigações das crianças. Afinal, mesada não pode ser prêmio e nem castigo. Mas sim, uma espécie de doação de grande impacto na educação financeira na infância. Procure separar as responsabilidades do ganho financeiro, destacando que é preciso gastar de forma consciente.
Você pode, inclusive, dar opções de uso do dinheiro, como: tomar sorvete ou ir ao cinema? Idas ao mercado também podem ser grandes oportunidades de falar sobre o dinheiro da família, como você o gasta, e o que considera antes de gastá-lo.
Definir objetivos e tarefas
Essa dica é relevante para introduzir o conceito de planejamento financeiro para as crianças. Estimular os pequenos a enxergar os recursos para o futuro, descobrindo que a intenção de poupar servirá para um objetivo maior, que trará satisfação pessoal. Aqui você vai ensinar como poupar e a importância de fazê-lo.
Complementar ao recurso da mesada, é interessante mostrar a necessidade de poupar enquanto ferramenta de disciplina com o dinheiro. Muitos ainda optam pelo tradicional cofrinho físico, mas hoje já existem soluções financeiras focadas no público menor de idade.
O ponto é conseguir juntar determinada quantia para comprar algo específico.
Lembre-se de deixar bem claro as “regras da vida real”. Como a possível necessidade de abrir mão de algo para não gastar o dinheiro até que se cumpra a meta estabelecida. Evite completar o valor ou abrir exceções, afinal é justamente pra isso que existem as metas e os objetivos financeiros.
Aos poucos as crianças vão aprender a planejar-se financeiramente. Passam a entender melhor como gastar de forma controlada, guardar dinheiro, evitar fazer dívidas, pensar em formas de economizar no cotidiano.
Você acha que as dicas funcionariam aí na sua casa? Já aplica alguma delas? Comente aqui! E para continuar lendo sobre o tema confira mais conteúdos aqui no nosso blog!
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