Gamificação ainda é uma metodologia que não faz sentido para algumas pessoas, ensinar usando jogos não parece certo. Mas, a educadora Alice Machado traz várias explicações das melhores formas de utilizar a gamificação para melhorar o aprendizado das crianças nas escolas e até como os pais podem se beneficiar deste processo dentro de casa.
Alice é psicopedagoga Institucional e Clínica Game Educadora, além de especialista em tendências e metodologias com foco no aluno. Ela é a convidada do oitavo episódio da segunda temporada do Yourscast e traz dicas importantes para os pais que querem entender mais sobre o assunto.
“Essa é uma das minhas grandes paixões. Porque eu entendo que o lúdico é uma forma maravilhosa de quebrar barreiras na educação.”
Utilizando a gamificação na educação
Alice nos alerta já no começo da conversa que a gamificação não é algo novo, como parece. “Ele (o método) foi criado ali nos anos 1990. Porque a gamificação não é só usada na educação, ela é usada no marketing, nas vendas e em várias outras áreas.”
A novidade é estar pautando fluxos educativos em diferentes níveis. Nesse sentido, Alice explica que as professoras da educação infantil já recorrem a aspectos lúdicos há muito tempo, como forma de ensinar as crianças. Isso, segundo a especialista, é um fundamento da agora chamada gamificação.
“Pode contar para qualquer professora de educação infantil que vai saber que isso é verdade. Só que depois, conforme o aluno vai progredindo na sua vida acadêmica, na vida escolar, a gente vai deixando o lúdico de lado.”
Desafios no ensino fundamental e médio
Então, conforme os filhos vão crescendo, passando de ano e as matérias vão ficando mais complexas, essa forma ensino vai sendo deixada de lado. Mas, estudos recentes mostram que a simulação de competições pode ser uma grande aliada para os professores.
Por isso, Alice mostra que esse é o trabalho que ela e muitos educadores vêm fazendo ao longo dos anos: implementar a gamificação no ensino fundamental e médio, com o objetivo de fazer com que esses jovens absorvam mais os conteúdos.
Um dos motivos para isso é que as redes sociais deixaram tudo mais rápido, como os jovens consomem conteúdos tem mais instantaneidade, e ela explica que é um desafio fazer com que eles prestem atenção por mais de um minuto dentro da sala de aula, pois:
“A gente tem uma geração que tem baixíssima tolerância à frustração, baixíssima tolerância à espera. Inclusive o tempo das coisas tem que ser muito rápidas, curtas, rápidas, é só olhar, quais são os vídeos que fazem sucesso? Os vídeos de Tik Tok que tem um minuto, 30 segundos.”
Dicas sobre gamificação na educação
Um ponto muito legal que a Alice trouxe na conversa é que a gamificação não precisa ser sempre relacionada a um vídeo game. Como à primeira vista parece. Introduzir um exercício mais rápido que coloque um obstáculo ou desafio a ser cumprido já é uma forma de gamificar aquele aprendizado.
Como ela explica:
“Pega uma lista de exercícios que tu ia dar normalmente e bota um contador no quadro, ou bota numa TV ou no celular, numa tela qualquer e fala que eles têm 30 segundos pra responder 20 questões. O primeiro que conseguir ganha uma carta coringa para não responder uma pergunta na prova e tu vai ver os alunos se esforçando para fazer aquilo”
Além disso, a nossa convidada trouxe um exemplo de teste. Em uma escola, três turmas tiveram atividades e por um tempo uma nunca recebia recompensa, a segunda recebia de vez em quando e a terceira sempre recebia.
“A turma que nunca recebeu continuou fazendo igual a que recebia de vez em quando. Também não teve muita diferença, porque era uma coisa de vez em quando. A que recebia sempre parou de fazer isso. E a gente fala que acabou virando uma troca. Eu faço se tu me der alguma coisa em troca. E aí acabou a gamificação, acabou a diversão, acabou o aprendizado.”