Você se lembra quando o celular era apenas um telefone móvel e nossa rotina dependia de vários outros dispositivos? As fotos eram possíveis apenas com uma câmera de filme a ser revelado, a música dependia do rádio, os textos só chegavam aos leitores em envelopes com selos criativos ou nas páginas dos jornais. Nada parecido a um aplicativo de finanças pessoais passava pela mente de quem guardava os extratos bancários com anotações na agenda como um diário.
Isso tudo entrou nas telas que seguramos nas mãos e guardamos no bolso em poucos anos. O Yours Cast, programa de entrevista que só existe porque todo mundo começou a consumir vídeos e áudios de maneira personalizada, encerra a terceira temporada com o quinto episódio nesta quinta-feira (1º). Nele, debatemos como a tecnologia que nos faz gastar tempo e dinheiro sem perceber pode auxiliar em nossos investimentos.
Mesmo que ainda nem investe já entendeu que tem como fazer o dinheiro render mais com a ajuda das tecnologias. Seja visitando lojas online para pesquisar o preço mais barato de uma compra desejada ou lendo um artigo resumido pela Inteligência Artificial, o conhecimento é um dos ativos mais valiosos da comunidade digital.
Aplicativo de finanças pessoais e muitas outras possibilidades
Essas são algumas funcionalidades que as estudantes do ensino médio Manuela Linck, 17 anos, e Ana Cantarelli, 16, aproveitam. Elas ainda não tem um aplicativo de finanças pessoais preferido, nem ganham um salário convencional. No entanto, recebem uma bolsa que as proporcionou as primeiras escolhas financeiras. Ambas aprendem a desenhar telas de aplicativos e jornadas de usuários nos cursos de User Experience (UX) e User Interface (UI) do Instituto Caldeira, em Porto Alegre.
Como consumidora e futura desenvolvedora de aplicativo de finanças pessoais, Ana fez a pesquisa do seu Trabalho de Conclusão de Curso do Ensino Médio investigando aplicativos de finanças pessoais disponíveis para smartphones. Ela se frustrou com o que encontrou no primeiro momento:
“Baixei alguns aplicativos de gestão financeira para pesquisar, e a maioria trazia termos técnicos e vocabulário que só são entendidos por quem já sabe o que significa. Difícil para começar assim”, analisou.
Aplicativos de finanças pessoais não fazem milagre
A colega Manuela não esconde que ainda tem muito o que aprender sobre educação financeira. O primeiro passo, ela já deu: identificou sua limitação e foi atrás de conhecimento. No entanto, esbarrou na mesma dificuldade de Ana.
“Já tentei entender, pois vou começar a trabalhar e ter um salário em breve. Mas a quantidade de termos técnicos me impediu de entender sozinha. Sinto que posso aprender com aplicativos, mas ainda não encontrei um que dialogue comigo”, lamentou, ansiosa pelas inovações que ela e a sua geração vão trazer para os aplicativos de finanças pessoais:
“Vou ser a primeira pessoa a usar o app que a Ana desenvolver no TCC. Acho extremamente necessário começar a entender de educação financeira, pois às vezes quero comprar algo maior no futuro. Sinto que isso é de todos os jovens, pois ganhamos pouco, então queremos saber o que fazer com este pouquinho.”
Ciclo geracional
O gestor educacional da Yours, Diego Angelos, ressalta que a dificuldade não é exclusividade delas. Ao mesmo tempo que as gerações X e Y sofreram por não ter aprendido educação financeira nas escolas, mesmo com mais tempo estudando do que os pais, a geração Z se frustra ao encontrar respostas para tudo em sua linguagem, menos para os temas financeiros.
“Falar sobre dinheiro ainda é um tabu. Está mudando aos poucos e precisamos seguir mudando. Há um movimento muito grande do governo e do mercado incluindo isso na vida financeira das pessoas”, projeta Diego.
A vantagem de quem cresceu em um mundo digital também é a desvantagem ao mesmo tempo. Centenas de vídeos, textos e áudios passam pelas nossas mãos a cada dia que usamos um smartphone, ao passo que as gerações anteriores à internet dependiam de livros específicos sobre cada assunto para aprender. Quando se trata de finanças pessoais, aplicativos e livros tem a mesma importância.
Pressa que gera ansiedade
Esta velocidade acelerada de conteúdo massivo também gera uma ansiedade que não deixa o jovem enxergar o quanto está aprendendo em meio a tanta desinformação.
“Educação financeira não é só investir dinheiro. Investir tempo para consumir algum conteúdo digital que nos ensina algo também é investimento. É preciso olhar para todo o processo de educação financeira e entender quanto a tecnologia pode ajudar nisso também”, provoca a apresentadora e gestora de projetos da Yours, Carol Janke.
Manuela e Ana dizem que aproveitam o tempo nas redes sociais para seguir produtores de conteúdo sobre educação financeira e UX. Mesmo ainda sem terem um aplicativo de finanças pessoais para organizar seu futuro, ambas já estão no caminho certo para criar seu patrimônio econômico a partir da produção intelectual.